sábado, dezembro 08, 2007






COMO FOLHAS AO VENTO




E já entrou dezembro, enquanto este novembro se descortinara sombrio, mas de repente tudo parece ter serenado, apesar de que feridas mesmo cicatrizadas sempre permanecem como marcas nos caminhos. Voltamos a conversar mas agora tudo que foi tão intenso começa a me parecer distante e um tanto irreal. Acho que aqueles momentos tão nossos, ternos , parecendo tenra verdura recém colhida, já não têm vigências em nós. Somos agora adultos nessa caminhada. Ficam para trás aquelas efusões que pareciam nascer de um universo à parte de nós mesmos, um lugar onde ainda ninguém tivesse tocado, um paraíso a ser
descortinado. Nos perdemos dele ou ele é que nunca existiu? Paraísos são fugazes sítios onde fazemos morada provisória e onde deixamos a fantasia nos resgatar em nossa perdida integridade de seres sonhadores de outra natureza para nossos corpos de uma solidez um tanto incômoda. Então desejamos fluir, ganhamos asas e voamos sobre nossas limitações. Seres sonhados, esvoaçamos em torno da luz na dança do amor, da superação dos limites . E, quando as luzes se apagam, nossos vôo vai perdendo força e então caímos como folha de papel na ventania, lentamente, sem pressa de chegar ao solo frio e desconcertante que sempre nos aguarda.

sexta-feira, dezembro 07, 2007




B E I J O ( N O ) S I N G U L A R




" ...foi em um dia muito distante, há mais de vinte anos, eu sonhei com você numa noite de festa, em que usei luvas brancas de cetim e um lindo vestido azul. Mas você não apareceu e agora, quase esquecida do sonho, percebi de repente que a vida me pregou mais uma peça, colocando você tão visível, tão aconchegado, tão real, mas a mais de mil quilômetros de distância..."



Eu beijo você no singular, sim,
de uma singular forma, que guardei
só pra dar a você, neste momento
e este momento de um tempo
que se recria em presentes infindos
está clamando por encontros
está soprando ao meu ouvido
um sussurro endemoniado de
prazer e deslumbramento...
Quero você pra sempre em
nossos estranhos caminhos.
Quero você inteiro e adivinho
o teu cheiro como o cego
percebe a cor, tocando formas,
como o surdo escuta os silêncios
e descobre neles vibrações reveladoras.
Quero o teu beijo no singular, olhos fechados
ou abertos, ah, adivinho o brilho
e a intensidade do teu olhar (faminto)...
E se minhas mãos tremem e minha
mente se confunde só em ver teu
nome escrito trazendo mensagem,
então como falar que isso é virtual?
A linguagem do meu corpo é real
as mãos frias e trêmulas são reais,
o coração acelerado não é real??
E o meu beijo no singular torna-se
real quando você o recebe
e me beija também...
... REAL...singular, "singularíssimo"...