sábado, setembro 08, 2007

E QUANDO A MADRUGADA VAI PELAS QUATRO...



Você tem o direito de se recolher e eu, o de esperar. Você se diz cansado, necessitando enismesmar-se com sua vida e eu me digo paciente, sempre pronta a esperar pela hora em que resolvas ressurgir de uma ausência. Para além das verdades e mentiras, estão as verdadeiras motivações de nossos atos. Bem adiante, geralmente onde nem nós conseguimos visualizar, lá para os confins da alma, redutos insondáveis e escuros, onde uma ancestralidade indecifrável regurgita seu alimento pegajoso, lá residem o princípio e o fim de todos os mistérios da alma. Que não gostamos disso, que não podemos passar por ali, que precisamos de tal certeza, lá nos perdemos em atalhos e suposições, em achares frequentes, onde o que mais aparece é uma repetição de enganos, de palavras gastas, com as quais traçamos caminhos circulares, e a vida então é sempre a mesma merda onde as perguntas parecem fazer parte de um questionário pré escrito e repetido à exaustão por gerações de seres que desembestaram nesta carreira ao sair do ventre materno empurrados por vigorosos músculos, gritando que não queriam nascer. E esta madarugada solitária carecia de muito vinho, que um descuido não cuidou de prover, e agora embriago-me de minha própria solidão, esguichante de palavras , rebrilhante de pontos fracos e idéias ruminadas como um pasto indigesto, que infelizmente não pode ser descartado sem muita mastigação bovina. Por que diabos você foi mexer com este meu caminho estático? Por que me foi descortinada esta ilusória manhã desconcertante pela qual enveredei afoitamente, esquecendo que ao anoitecer poderia estar longe e só, em terras estranhas? E eu quero achar o caminho de volta? E eu consigo viver sem este estado de constante estremecimento em que tenho me encontrado? Por certo que não! Por certo que não !

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