terça-feira, setembro 11, 2007





DESPEDIDA, UM ATÉ BREVE NAS DOBRAS DO TEMPO


Vejo tuas belas mãos cruzadas sobre o peito

como pássaros recém tombados,

ainda intacta e estranhamente viva

a bela plumagem!

Tal Guevara naquela fotografia,

apenas fechados os olhos,

beleza moura de España

nas negras sobrancelhas...

Estás tão belo neste momento,

nenhuma sombra paira sobre tua imagem!

E quando te abraço pela derradeira vez,

ainda meu, em nossa cama,

tão mais junto estás

e tão mais vivo, mais resplandescente

nesta morte de todo digna, sem cortes,

sem cicatrizes.

E cresces em tal finitude

com o corpo ainda quente,

e assim pairas pra sempre em minha memória:

inteiro, exato, matéria viajante,

passageiro que não leva sequer o corpo,

pássaro errante e livre,

em recém nascida condição.





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