segunda-feira, julho 23, 2007

INTERTEXTUALIZANDO COM

ROGÉRIO SILVÉRIO DE FARIAS



SOBRE CASAMENTO COM POETAS



Você tem toda razão. Existe realmente esse tipo de homem, uma percentagem bem baixinha da qual eu tive a felicidade de conhecer um espécime com quem me casei e vivi por muitos anos até ele morrer inesperadamente. Eu acredito em uniões assim porque tive uma. Homens muito inteligentes, com muita sensibilidade e muito mais machos que qualquer um desses que anda galinhando por aí e contando vantagens sobre sua virilidade. Eu sei que tais homens existem. Mas o problema é que precisamos ter a sensibilidade de detectar tais raridades. Uma coisa é esquecer os aspectos externos, físico, posição, dinheiro, imagem. Não que isso seja impedimento, mas não é de forma alguma algo vai fazer diferença pra mais. O problema no casamento não é o que ele faz com as pessoas, mas o que elas fazem a sim mesmas e aos parceiros. Casamento exige algo que está se tornando artigo raro nos nossos dias: desapego, capacidade de doação, capacidade de transformar o egoísmo em interesse pelo outro e aceitação de que a vida tem suas frustrações e que renunciar faz parte de um crescimento saudável. Somente as crianças querem a satisfação imediata e total de seus desejos. Um adulto deverá ter tal discernimento. E ter filhos exige que deixemos de sê-lo, no sentido de nos enxergarmos como seres com obrigações diante de uma criança que pusemos no mundo.

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