segunda-feira, julho 23, 2007

SOBRE O MEU NOME ALGUÉM FALOU:

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"...que força tem essa consoante "T", força que logo se amacia, se estende nas vogais do fim, como se a voz fosse pra longe, pra longe.... ter uma consoante linguodental, assim, bem no começo no nome, já lhe incomodou alguma vez?! Ter um nome que é um trem que chega com impacto sonoro e a seguir, some... "

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O QUE NÃO FUI

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... tantas mulheres que não fui, tantos homens que não amei... tantas possibilidades mortas em óvulos não fecundados, em portas não abertas, e eu queria tanto saber nadar, sonho com mares bravios e eu flutuando sobre as ondas e me sentindo liberta, sonho com vôos magníficos, o sol nascendo em tons rosados, muito verde, e eu flutuando e sendo feliz sem ter nada nas mãos, então eu pergunto, onde poderiam ter-me levado outros passos?


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vem ver






Vem ver o que é explosivamente real

nestes dias de inverno prolongado

de camas frias e cortinas fechadas,

o que é tão concretamente vívido

e cruel nas entranhas,

vem ver os caminhos sem fim da solidão

e os espaços sem remédio

que nenhum sonho bom mais preenche.

E os passos sem direção

e o choro sem fim

nas dobras dos travesseiros.

Resta o frio, após um verão flamejante e enganador.

Restam a pele marcada e ainda viva

e as brasas da lareira,

e palavras... e um resto de vida por viver...

AO MEU POETA, AQUELE QUE ME DIZ:

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"VOCÊ TEM O MAPA, POR ISSO LHE DIGO,

NÃO PERCA O RUMO DE MIM..."

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... uma doce música esvoaça em meus silêncios e fico assim transfigurada, andando como se tivesse asas. Você faz isso comigo!, E que você é esse, eu o inventei, eu o criei em passeios insanos? Lembrança da primeira paixão dos meus dezessete anos. Urgência de fluir, o tempo se esvai, mas a mesma vibração torna a mover as peças deste jogo antigo . Paixão descontrolada, desatino de querer e quis sentir outra vez, como pra saber que estou viva. E inventei você? Não? Mas parei em seu portão, reconheci aquele caminho e fui bater à tua porta. O que eu diria a você? E eu disse que você era só essência, essência, que importavam as formas? Invento tal plenitude?

E o que a gente não inventou um dia, o que resolveu pra não desistir da vida, uma luta por justificativas, uma estupefação?. Estou perdida nesta onda de brancas espumas olhando por céu. Sou parte dessa força que habita o universo. Estou perdida, presa a este teclado, errando muito, errando em continuar? E tu, que estarás construindo na tua solidão? Estará deixando uma pequena porta destrancada para mim?
Pressenti a tua chegada? Ou a necessidade vira pressentimento e constrói o acaso? Talvez. Mas identifiquei a expressão mais sublime e rara na tua obra poética. Fui arrastada por uma enxurrada de sentimentos que me arremessou direto a teu ancoradouro. ? Mas agarrei-me a este porto como náufrago que quer fugir da morte certa.

INTERTEXTUALIZANDO COM

ROGÉRIO SILVÉRIO DE FARIAS



SOBRE CASAMENTO COM POETAS



Você tem toda razão. Existe realmente esse tipo de homem, uma percentagem bem baixinha da qual eu tive a felicidade de conhecer um espécime com quem me casei e vivi por muitos anos até ele morrer inesperadamente. Eu acredito em uniões assim porque tive uma. Homens muito inteligentes, com muita sensibilidade e muito mais machos que qualquer um desses que anda galinhando por aí e contando vantagens sobre sua virilidade. Eu sei que tais homens existem. Mas o problema é que precisamos ter a sensibilidade de detectar tais raridades. Uma coisa é esquecer os aspectos externos, físico, posição, dinheiro, imagem. Não que isso seja impedimento, mas não é de forma alguma algo vai fazer diferença pra mais. O problema no casamento não é o que ele faz com as pessoas, mas o que elas fazem a sim mesmas e aos parceiros. Casamento exige algo que está se tornando artigo raro nos nossos dias: desapego, capacidade de doação, capacidade de transformar o egoísmo em interesse pelo outro e aceitação de que a vida tem suas frustrações e que renunciar faz parte de um crescimento saudável. Somente as crianças querem a satisfação imediata e total de seus desejos. Um adulto deverá ter tal discernimento. E ter filhos exige que deixemos de sê-lo, no sentido de nos enxergarmos como seres com obrigações diante de uma criança que pusemos no mundo.

domingo, julho 22, 2007

A VELHA DANÇA DA VIDA

Então cheguei a esta noite vaga
de onde estrelas foram retiradas
e qualquer sinal de vida se perdeu
na inconsistência das palavras,
na inconstância dos sentires,
na impossibilidade pressentida.
Onde era pouso, doce guarida
encontrei ausências,
e o mesmo rosto que sorria
é agora apenas mais uma foto
tão frágil cópia sem significado.
´Meu doce pouso, nas horas dificeis,
fechou-me a porta , recolheu
a mão que me estendia
e sumiu num silêncio acusador.
Teria eu sonhado esse aconchego
por solidão, vontade, ou mente transfigurada?
Teria eu não percebido que chegando já se ia?
Já se faz tarde, e sempre os ventos com presságios
e a confirmação do inevitável fato:
somos todos sozinhos, unidades ímpares,
e o amor é uma ilusão que fascina
e sempre volta a nos soprar mentiras,
a vida é mesmo uma velha dança,
que nos ilude, faz promessas vãs,
e nos deixa no meio sala à espera
daquele amado par que não virá!

INDO PRA ZONA LIMÍTROFE

PRA ONDE EU VOU NÃO SEI O RUMO,
SÓ SEI QUE É LONGE MAS É PERTO,
É SEMPRE IGUAL, MAS TÃO DIVERSO.
PRA ONDE EU ESTOU INDO
FICAREI DEPENDURADA,
SUSPENSA NUM BARBANTE
QUE ME PÔS O ACASO,
SEM ANTES, NEM DEPOIS, DURANTE.
EU ESTAREI APENAS, VENDO A NOITE,
SEUS OLHOS CLAROS DE ESTRELAS FRIAS.
TU ESTARÁS EM MIM SÓ NA MEMÓRIA,
EU BUSCAREI EM VÃO A NOSSA HISTÓRIA
NO CINZA CLARO ESTREITO DA EXISTêNCIA.
QUEDA LIVRE, O MEU VÔO DIACRÔNICO,
SERÁ APENAS UM RANGER DE VELHA PORTA,
QUE JÁ NÃO ABRE, GUARDA COISAS ESQUECIDAS.
SUSPENSA ASSIM EU FICAREI EXPOSTA
AO INCONSTANTE HUMOR DESSES TEUS ANJOS.
QUANDO ACORDAR TALVEZ NÃO MAIS EU SEJA
QUEM SEMPRE FUI, EM OUTRA NATUREZA.
DO QUE ERA TRISTE GUARDAREI APENAS
ALGUNS RECORTES, VELHAS FOTOS APAGADAS,
DO QUE FOI BOM EU LEVAREI PRA SEMPRE
O GOSTO, A CARA, O GESTO , O ÊXTASE!
NA LUA NOVA EU TRAÇO MEU CAMINHO,
NA NOVA LUA ERGO MINHA ESPADA!

sábado, julho 21, 2007


Café da Manhã
Entre minhas mãos e de meus filhos,
viceja o aroma de um café gostoso
servido assim, sem mais requintes
numa linda manhã de sol de férias,
na celebração da simplicidade de mais um dia
em que ainda podemos sorrir,
estando unidos ao redor da mesa.
E nenhum gesto se fará mais brando
do que o doce roçar de mãos na distraída
tarefa de comer o pão que refaz as forças.
Aí, estando saciados, olhar acima do horizonte
e na paz de nossas entranhas desejar
que o dia seja bom,
que a morte ainda tarde ,
e que a noite nos traga repouso
até o novo dia raiar...

quinta-feira, julho 19, 2007


QUEM
IMITA
QUEM?

REFLEXÕES SOBRE OS HUMANOS

Meu amigo Rogério disse em uma crônica que o homem está entre os animais e Deus e eu então lembrei de certas pessoas que ainda devem estar no reino vegetal ou então fazem parte do baixo reino animal, lá onde estão as amebas, como classifico a pessoa que posta imagens de extrema vulgaridade no Recanto das Letras, que chafurda em sua própria meleca existencial. Então, ao pensar no tal HOMO SAPIENS, só fazendo como Hilda Hilst, que quando ouvia tal expressão dizia ir pra trás da porta e rir por três horas a fio.

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"RITITI EDUCA O POVAO (# 11) O que nos diferencia dos bichinhos não é a nossa capacidade para controlar os instintos, fornicar com camisinha e ter 1,14 filhos por casal. Nem o dom de compor sinfonias como a 40 de Mozart, ou escrever livros para encher as estantes de prémios e reconhecimentos. O que nos faz diferentes, o que nos ajudou a subir no escalão evolutivo, o que fez que os Neandertais se extinguissem, foi o sentido de humor. Quando os Cromagnons aprenderam a rir-se de si próprios, o Homem candidatou-se ao lugar de Rei do Planeta. Só seremos desbancados quando os macacos aprenderem a contar anedotas, ah pois. E hoje, um expoente do humor gráfico em Espanha, Forges, que todos os dias nos faz rir no El Pais e semanalmente no El Jueves. Uma dádiva. Ainda bem que não sou macaco." ( DE UM BLOG PORTUGUÊS)
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HUMANIDADE OBSOLETA

A pornografia é um ótimo negócio e se apresenta nas formas mais diversas, além do texto escrito. Ela se alimenta da solidão e carência das pessoas. Também das suas condutas doentias, resultado de uma moral castradora. Não seria mais simples encontrar prazer como bichos que somos? Acontece que o bicho que "somos" está enclausurado e preso a tantos modismos, necessidades artificiais criadas por quem quer nos fazer massa de manobra, consumidores das coisas produzidas, está tão atrapalhado com a vitrine de possibilidades, com a "imagem" de si próprio que os meios de comunicação projetam nas telas, que já não sabe direito quem é verdadeiramente, se o velho animal de carne e osso, ou aquele no telão, com dentes branqueados demais, com as cuecas ou calcinhas marca tal, com a bolsa do Fulano Sódondoca, o carro mais potente (vejam a relação com a libido) que pega todas, o supercelular pra dizer abobrinhas e fazer figura, enfim com tudo que pesa sobre sua simples cabeça de animal mortal e limitado.Perdido diante de um mundo que vê na TV, nos jornais e nas revistas e que está bem longe de corresponder à verdade, o bicho ser humano perde a perspectiva que lhe daria uma vida de paz e bom convívio com seu corpo. Vemos então meninos usando Viagra, meninas esqueléticas, senhoras sessentonas casando de noiva com rapazes quase netos, tudo em nome do prazer, que também virou mercadoria de consumo rápido. Isto é evolução, dizem os ufanistas da superficialidade. E agora temos uma diferença interessante em relação aos primitivos homens de lata. Eles eram feitos pra imitar o homem, realizar tarefas que pra nós são até simples. Mas os tempos mudaram. Hoje somos nós que tentamos imitar as máquinas. Estamos tentando ser o mais mecânicos possível. Nossos relacionamentos carecem de sangue quente. Nossa humanidade é vista como coisa obsoleta.

O AMOR MORA EM ROMA

Amor como doce amora,
um ramo de flores orvalhadas,
romance de primavera,
matizes na madrugada...
Doce Roma, Cidade Eterna,
em tantas rimas cantada!
E tu, francesa, na Piazza del Fiore,
e eu, estrangeiro,tão só, desterrado.
Sorriste pra mim, ah doce sorriso,
unimos solidões em mãos entrelaçadas!
Amor em Roma na Piazza Venezia,
aromas agrestes, teu beijo, cilada...



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O TEMPLO DO SENHOR É SEU TÚMULO

Por Cristo
Para Cristo
Em Cristo
ecoam palavras nos templos,
"este é o corpo e o sangue..."
Mas após as santas missas,
podemos ver e só isto,
palavras levaram os ventos!
E de novo Ele está morto,
no corpo daquele mendigo
bem quieto dormindo ao relento...

DRÁCULA REDIMIDO PELA PAIXÃO

Um dos filmes mais românticos a que já assisti foi sem dúvida o DRÁCULA de Francis Ford Coppola. Histórias de amor com finais trágicos, eis o sabor dos textos do Romantismo. O contraste entre a monstruosidade do herói e sua paixão e ternura por Mina talvez façam este efeito arrasador e nos poporcionem emoções exacerbadas.Uma história de amor grandiosa, em que o terrível vampiro vai aos poucos se transformando de monstro apavorante em herói romântico, mas mais do que isso, uma leitura magnífica do amor eterno, do mito da nossa vontade de transcender a vida terrena e estar pra sempre ligados os elementos feminino e masculino cuja separação e constante procura de unidade parece um jogo arquitetado para gerar vida e morte. . Outras histórias, como Romeu e Julieta, Abelardo e Heloísa, não têm a metade da intensidade dramática e lirismo da verdadeira exacerbação de conflitos emocionais contida naquele.

quarta-feira, julho 18, 2007

SOBRE O SEXO COM AMOR


"Quando se tem sentimento, o desejo vem de dentro e tudo o mais é irrelevante. A inclusão de apetrechos, jogos, encenações, vídeos pornográficos ou um terceiro elemento, é porque o casal não tem ou perdeu o élan da relação. Agora, nada mais resta do que um amontoado de corpos, sem almas, tentando fabricar sensações. A união de duas pessoas desejosas é um universo particular de infinitas possibilidades, ou seja, se bastam na privacidade para se deliciarem da fluidez desse encontro."

O TAMANHO DO VÍRUS



Adrenildo bebeu o último gole de café indo em direção ao computador. Largou a xícara na mesinha, sentou-se e ligou, ficando a tamborilar com os dedos ao lado do mouse, olhando para os lados pra ver se se distraía enquanto custava a aparecer seu nome. Aí clicou, clicou e entrou no site. Sua mulher perguntou lá da cozinha se ele ia tomar banho agora e ele só gritou um não meio impaciente. Então ela resmungou e foi para o banheiro.O homem estava louco por uma loira cuja foto mostrava ângulos inusitados de sua geografia. E ainda por cima se chamava Lucimara, o nome de uma ex que ele nunca tinha esquecido. Lucimara, ah, como você é linda! exclamou sorrindo. A moça, além da foto, ainda escrevia uns versos picantes onde havia sempre aquela receita de ingredientes sensuais repetidos, só variando o ambiente, algum detalhe de um lirismo barato e palavras grosseiras. E as performances, os toques, os de lado, por cima, por baixo, teu mel , meu suco, suco? E aqueles terríveis eufemismos para se referir aos genitais femininos, como gruta, fenda,e sei lá o que mais. Olhada assim, de forma fria, essa conexão de falos que entram em vaginas, em incansáveis malabarismos verbais e visuais, lembram um brinquedo onde a criança passa horas sem se entediar, colocando coisas e as tirando novamente. Assim nossos adultos crianças se ocupam com este divertimento mecânico, enquanto gente realmente crescida procura um parceiro e mostra competência discretamente. No sexo virtual é tudo muito animado, nenhuma falha, porque nas histórias pornográficas ninguém tem incontinência urinária, ejaculação precoce, ninguém tem dificuldades que os comuns dos mortais costumam enfrentar. E parece ajudar muitos homens a fortalecer sua imagem masculina, o fato de frequentar tal ambiente como exercício de macheza, da mesma forma que ainda se frequentam bordéis. E com visibilidade garantida ao deixar seu nome registrado como leitor.Assim como nos contos de fadas, as histórias de sexo virtual só oferecem momentos felizes. E com suas estratégias que levam muita gente a se derreter diante de uma máquina, podem provocar sensações fortes, onde o sujeito ofega e vai ao delírio na maior solidão. Nesse ritmo, nosso amigo estava já em alta concentração, suando, quando batem à porta da sala que ele tinha trancado logo ao entrar. Era sua sogra que morava com o casal. ELe disse a ela que agora estava no meio de uma tarefa, falava depois. A mulher desconfiou daquele segredo, porta trancada e fez a volta por fora indo até a janela espiar. De onde ela estava, só via até a altura da mesa e não via a tela. Reparou que o genro suava muito parecendo que ia grudar o nariz na tela, e falava coisas que ela não entendia. De repente, ele se pôs a sacudir o corpo e a gemer feito doido. Minha Nossa Senhora, Laísa, minha filha, e correu pra dentro gritando pela filha. Esta surgiu rápida e foram as duas pra porta bater. Mas o rapaz estava tão envolvido que não se deu conta. Nesse momento já tinha chegado o vizinho de apartamento que com uma chave tentava abrir a porta e logo ela foi empurrada e os três caíram pra dentro, olhos arregalados, que foram baixando até darem de cara com a nudez magricela da cintura pra baixo, as calças lá nos pés. Houve um terrível silêncio de segundos eternos. Então Adrenildo respirou fundo, puxou as calças pra cima, erguendo-se um pouco da cadeira e disse na maior cara de pau: - Mas como faz calor, não? Eu mesmo tinha baixado as calças para tirar e ficar de cuecas, nem ouvi vocês batendo, e apontando em direção ao computador, onde um close na retaguarda da loira que olhava pra trás sorrindo, se estampava enorme: -Este trabalho aí me deixou arriado, nossa, estou mesmo cansado. Percebeu os olhares mudos e sérios e gelou. Girou a cabeça devagar e , vendo a figura denunciadora, sorriu amarelo e ainda falou, antes das duas irem pra cima dele: olha só, olha só o tamanho desse VÍRUS... .

UMA AULA DE MODERNIDADE SEXUAL



Pois outro dia peguei esta convesa numa linha cruzada onde duas mulheres, na verdade uma quase só ouvia, estavam a comentar e uma é quem esclarecia a outra sobre as modernidades do sexo.... Você ainda não visitou alguma sex shop? Não? Mas nunca usou camisinha com sabor morango? Mas como?! As calcinhas sensuais são indispensáveis a uma mulher moderna, você não acha? E a depilação dos pêlos da mulher criando formas como a de coração é algo altamente excitante. E as calcinhas comestíveis? Indispensáveis! Você nunca foi com seu marido a um motel? Não?!? Eu já fui várias vezes, dia dos namorados, dia do aniversário, essas coisas. Você faz sexo na SUA cama? Que coisa mais sem graça. Não amiga, temos que variar de ambiente ( já que não dá pra variar de parceiro). Eu e o Baby olhamos um filme pornô ontem. No motel é claro. Aí ele me fez girar várias vezes até ficar tonta, disse que era uma nova técnica para relaxar. Mas eu fiquei foi com um baita enjôo. Bem, mas nem sempre o Baby acerta, ai amiga, não pense bobagem, eu falo em acertar nos acessórios, sim porque no essencial, aí ele não falha mesmo. Ele até tem uma mulher inflável para treinar. Sim, é preciso exercitar muito. Então ele vai pra academia e tem um reservado onde ele fica treinando com a boneca. Por isso, ele fica muito cansado e nós só fazemos sessões especiais com muita criatividade, assim, para ter melhores resultados. Mas você , que está me dizendo, você e seu marido, ai amiga, isso vai virar rotina. Imagina, vocês transam três vezes por semana? Assim, na SUA cama, camisola de todo dia, ele de cuecas surradas, nossa, isso não é NORMAL! Você tem que procurar uma terapia sexual urgentemente. O quê? Não precisa? CLARO que precisa, querida. Vocês vão GASTAR as energias e daqui a alguns anos estarão INUTILIZADOS! Sei de um caso no Japão que... o quê? Você não quer nem saber, bem depois não diga que não avisei. É, bem, mas pelo menos compre alguma revista feminina pois elas trazem artigos altamente eróticos e informativos. Você não compra? E o que faz do seu tempo de lazer? Lê escritores brasileiros? Aquelas coisas sem fim de letrinhas miúdas? Ai amiga, isto é muito broxante. Você tem que ler textos eróticos. Pornografia? Sim, amiga, está muito moderno a literatura pornográfica. Literatura sim! E até poesia. Não é possível?... Mas eu já li muitas. Poesia realista, pra pessoas sem preconceito... o quê, quem lê é que tem preconceito? Não entendi, você diz que a mulher que precisa se satisfazer como vadia, não aceita sua sexualidade naturalmente? Ih, você pensa demais, é o que te digo, o negócio é deixar rolar, nada de ficar pensando, você tem que malhar, sim, ir à academia, não gosta? Mas como, TODO MUNDO gosta, todas as mulheres da sociedade, atrizes famosas, enfim, mulheres a frente do seu tempo, nem sei o que isto quer dizer, mas enfim, faz parte do manual da mulher moderna. Como? Você detesta manuais? E regras de etiqueta? Mas você precisa se preocupar com o visual, vou te mandar um livro da Glorinha Kalil, quem é? Aquela senhora linda e que dá consultoria de moda. Ah, mas lembrei de uma... pois é, foi no dia dos namorados. Os restaurantes estavam superlotados, sabe como é, aí nós tínhamos ido cedo e ainda pegamos uma boa mesa. Mas foi na pizzaria, não tinha mais opção. Mas foi lindo, velas nas mesas, flores, champanhe. Aí não tem dúvida, fomos ao motel. Chegando no nosso preferido, quase tive um desmaio. Já havia três carros em fila esperando. Ai amiga, foi chato viu? Resolvemos voltar pra casa, mas aí o Baby teve uma idéia genial, ele disse, amor, vamos fazer "ménage a trois". Como? E aí abaixou-se e tirou a mulher inflável que ele tinha deixado debaixo da cama e falou pra eu vestir ela com uma roupa sexy. Eu fiquei meio sem graça mas concordei. Aí o Baby a colocou deitada na cama e falou pra eu botar a mão nela, sabe, e fazer de conta que ela tinha um orgasmo... como é que eu fiz? Ah amiga, faço qualquer coisa que o Baby me pede. Mas depois ele disse pra eu observar primeiro sua performance, aí disse pra esperar um pouquinho e levou ela pro chuveiro. E demorou muito pra dar banho nela. Aí, quando ele voltou, eu já estava quase dormindo e nem vi mais nada. Mas até que me diverti, enfim, logo teremos outro dia especial de sexo incrementado. E você toma cuidado, esta história de muita frequência pode detonar com a vida sexual de vocês. Olha que eu tenho EXPERIÊNCIA !!!

terça-feira, julho 17, 2007

QUE VENTOS NÃO TE TRAZEM?


Ventos de não trazer estão soprando pras tuas bandas

ventos endemoniados que fustigam a nossa cara

e riem de nossa perplexidade?

Ventos, oh ventos que levantam a poeira e ralam a pele.

Ventos de não trazer , quem sabe?

Você soube de mim e então chamou tais ventos.

Você os quer por certo, e eu pergunto

que ventos não te trazem, serão maus ou bons?

CHEIRO DE ERVA PISADA

07/07/2007
... na manhãzinha nevoenta, o cheiro do capim mascado é verde; mas também, verde é o amor que cedo se perde sem dar flores e frutos! Beijo.


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Se é subir até aquela montanha, ao norte,
ou nem sair do lugar,
se é pôr os pés na estrada
e adeus, que me vou
pra não mais voltar...
Se nem bem as asas eu tenho
ainda as construo,
e agora, recuo?
Mas vivi tantas vertigens
ao percorrer impossibilidades
cada vez mais desejadas...
E eu, princesa de um reino falido,
herdeira de uma sina maldita,
então galopei montanha acima,
só pra achar teu rastro na névoa densa.
Uma nova solidão se desenhava,
e só de aspirar seu cheiro de erva pisada
eu resplandecia em cores amanhecidas.
Solidão com caminho vislumbrado,
pelas marcas de tuas mãos, possibilidades...
Solidão na linha pontilhada, à espera do teu traço. .



INSUBMISSÃO

Como diz Hugheim ( SGARBIERI, 2003), as mulheres é que, assumindo o poder e sem deixar de ser mulheres, tornarão o mundo de novo habitável.(p.125). Felizmente, o dínamo criativo das transformações é encubado nas entranhas do feminino de ambos os sexos.



Você não quer minhas unhas vermelhas,
mas vou tirar teu sangue ainda que me doa,
e vou pisar teu nome, com mil maldições!
No mesmo coração onde se aninham anjos
na certa há demônios, basta provocar.
Você não quer a minha insanidade,
meus versos estufando as velas
por estas águas do sem fim onde navego.
Você me quer domesticada fera,
por que tem medo do meu aconchego?
Você desenha o meu arco-íris,
escolhe os ventos que levantem meus cabelos,
mas não os quer erguendo minhas saias.
Eu já aprendi como dobrar tuas vontades
e te amarrar bem firme neste moeirão,
farei de ti escravo espancado,
por um feitor cruel e bravo,
que açoitará você no coração.
Não há melhor ensinamento neste aprendizado
do que fazer beber na taça do desprezo
e exigir perdão em altos brados.
Você me quer domesticada e então,
por que tem medo de se ver tão preso,
atando o laço ao meu pescoço esperas,
botar cabresto e fugir dos riscos.
Que não te venha entanto essa quimera,
pois não serei escrava em tua casa,
nem uma fria estátua nos teus moldes.
E toma tento, anda, vai mais devagar;
se te enterneces com tal rapariga,
feita nas cores pelos teus caprichos,
sei que bem outra te apaixona e tanto,
a que provoca e mostra suas unhas,
te faz escravo como qualquer bicho.
Deixa que eu solte meu cabelo ao vento,
que a chuva molhe o meu corpo inteiro,
e ao repousar nós dois no bem mais tarde
você me abrace docemente terno
e tua cabeça no meu travesseiro,
as minhas mãos a deslizar fazendo
muito carinho nestes teus cabelos,
num aconchego neste fim de tarde,
o sol morrendo lá pro fim da linha...



VESTIDO CARMESIM

Não chore ainda não

que eu tenho uma razão

pra você não chorar

Amiga me perdoa se eu insisto à toa,

mas a vida é boa, para quem cantar

............................................................

o sol chegou antes do samba chegar

quem passa nem liga, já vai trabalhar

e você minha amiga, já pode chorar



dançou pela noite alucinada

e fez de seu vestido uma bandeira,

vermelha em sangue e insanidade.

Verteu em rodopios suas entranhas

e forte e tão perdida nestes ares,

fez do seu grito reza braba aos quatro ventos!



D e de espanto fez a todos,

morrer à míngua de desejo e agonia.

Pisou mais forte o chão, bebeu cachaça,

e sufocou no peito aquela mágoa.

E valeria a pena se chorar por tal fulano

que não valia um só sequer soluço?



Dançou e foi em frente, que importava agora,

tanta palavra escrita nesses vãos desvelos,

se a vida aos pés se derramava inteira

e no seu peito, inútil coração batia?

Fez do asfalto seu melhor tablado,

dançou flamenca a dança, sapateou,

fez do suor seu mais silente choro

e rodopiou, e se esbaldou em fúria,

chamou demônios, exortou as tempestades,

clamou vingança e incendiou o peito,

queimou as asas, em volteios doidos,

e sem sandálias, pés no chão gelado,

lá desenhou seus passos mais bonitos...

A saia fez girar qual catavento,

exorcisando assim aquele amor

que era promessa nunca a ser cumprida.

E ao abraçar aquele que a seguira,

o fez com tal tempero e manha,

beijou-lhe a boca machucou-lhe a pele,

com suas unhas carmesim afiadas,

até ele gritar em uivos loucos,

qual lobo vendo a lua cheia...



Agora os sons da noite já cessaram

e só ficaram pelo ar restos de vida

e só ficaram pelo chão as marcas

e aquele velho nó na sua garganta

e as lágrimas amigas neste amanhecer,

as mãos vazias, a cabeça entorpecida,

e valsas tristes na memória de outros tempos

e flores que murcharam nos canteiros

e ainda aquele amor a machucar sua pele,

ainda aquele amor que agora despertava.




COMENTÁRIO:
19/07/2007 01h11 - lisieux
Tua poesia é mesmo muito forte. Com pinceladas de magia, ou um toque de religiosidade popular, o que eu gosto muito, por estudar essas manifestações (danças, exorcismos, feitiços)nas minhas aulas de Teologia. Bem marcante. E ainda com qualidade e lirismo. Gosto mais do que leio a cada vez que venho visitar-te! Aliás, obrigada pelo teu comentário! Fico feliz por teres gostado do meu poema também. E quanto a vir a Minas, estás convidada a ficar na minha casa e comer pão de queijo! rs respeito do Fórum, é que eu queria comentar sim! Gostei muito das tuaA s colocações, mas não queria escrever lá porque eu havia dito que não voltaria ao tópico. Pensei em escrever-te um email, mas não encontrei o teu endereço eletrônico.







DEUS É NOSSO SUBALTERNO?

  • ATRÁS DE JANELAS GRADEADAS DE PRISÕES OU DE PALÁCIOS, DENTRO DOS MOSTEIROS E CONVENTOS, COM SUAS JANELAS APERTADAS, NUMA ALA DO HOSPITAL PSIQUIÁTRICO COM JANELAS DISTANTES, OU NA APARENTE AMPLIDÃO DIANTE DO MAR, UMA JANELA SEM LIMITES, SOMOS TODOS PRISIONEIROS DE NOSSAS PRÓPRIAS CARÊNCIAS, EGOÍSMO, INCOMPREENSÃO, INDIFERENÇA E PRESUNÇÃO. ESPERAR POR UM SALVADOR QUE NOS LIVRE DE NOSSOS PECADOS É COLOCAR A DIVINDADE NO PAPEL DE SUBALTERNO,ASSIM COMO VI OUTRO DIA ESCRITO NO VIDRO DA JANELA DE UM CARRO: DEUS É FIEL (!!!!)

quinta-feira, julho 05, 2007

CRIAÇÃO POÉTICA, UM INSONDÁVEL MISTÉRIO

O que é a criação poética, como se constrói, o que é poesia, esta linguagem cheia de possibilidades nas cores, nos vocábulos desenhados harmoniosamente, no correr livre da fantasia e em harmonias de acordes, evocadora de nossas mais profundas e insondáveis memórias?Conceituar, definir, isto seria impossível e totalmente desnecessário, pois a linguagem racional neste empenho será um completo desastre. Seria como tomar entre as mãos uma bolha de sabão flutuando no espaço. Ela sumiria entre nossos dedos deixando apenas pequena umidade como lembrança. Pois ao escrever poesia, algum lugar inacessível, ao que convencionamos realidade, é acionado. Nem deuses, nem transpiração, nem fórmulas. Pois não será a criação poética algo que surge de um lençol subterrâneo tão desconhecido, que ao nos depararmos com algo que escrevemos, em um momento inesperado, aconteça que levemos alguns instantes até reconhecer que é nosso? Assim como, estando em uma sala rodeados de pessoas, nos surpreendemos estando distraídos, ao ver nossa própria imagem refletida no espelho? Pois olhos, ouvidos, tato e olfato fazem-nos contactar com essa matéria pesada de que somos feitos, em ossos, sangue e musculatura.Mas são esses sentidos também que, atentos, podem vislumbrar além das aparências, como instrumentos de sensibilização, indicadores de trilhas neste labirinto da existência onde quase tudo se perde em superficialidades. Quantas formas de olhar? Quantos modos de tocar? E ouvir e sentir aromas? Estar atento aos detalhes, não se deixar conduzir pelas águas turbulentas como folha seca. Este "silêncio" interior abre passagem e deixa fluir formas totalmente surpreendentes até para nosso olhos de criadores.Não faremos poemas com exercícos de academia. Transpirando. O melhor de nós tem que fluir suavemente, apesar de que os caminhos tenham que ser arejados, varridos seguidamente para manter os canais de expressão bem abertos. O melhor de nós poetas não pode ser arrancado à força. Sob encomenda. Uma obviedade que nunca repetimos em demasia. Mas da qual frequentemente temos o desejo de esquecer.Uma linguagem do inconsciente, já ouvi dizer, pois não importa o nome que lhe demos, se metalinguagem, se linguagem metafórica, temos designações muito didáticas mas que não descem um milímetro neste rio insondável. Pois se limitam a explicar racionalmente. Servem para encher compêndios de teoria literária. Que seja, isso tem lá sua validade. Mas não serei eu, mesmo com poucos desses fundamentos teóricos, que vou acatar definições sobre algo que só pode ser explicado por si mesmo.Isso vem dimensionar a criação humana como algo que transcende nossa compreensão e que talvez resulte de um estado especial em que conseguimos nos conectar com tal camada subterrânea, como um arquivo onde repouse um paraíso perdido, não de deuses criados pela mente humana, mas de segredos ainda insondáveis para a maioria dos mortais.